terça-feira, 6 de abril de 2010

A arte


"A arte consiste me fazer os outros sentir o que nós sentimos, em nos libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação. A arte é a comunicação aos outros da nossa indentidade íntima com eles; sem o que nem há comunicação nem necessidade de a fazer." ( Fernando Pessoa )

Não sei quantas almas tenho ...


Essa é a poesia que mais gosto de Fernando Pessoa. Sou fã dele, de seus trabalhos, obras e poesias. Um excelente e grandioso artista, que capta a alma humana como ninguém ...
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Poema escrito durante oficina do Teatro Ventoforte!


Foi com essas danças
Com esses lenços

Com essas cores

Com tantos ventos

Que chamei a mim

Em resposta o tempo, a colorir o vento, me disse assim:

Aí vem você, até que enfim


 

Olha só



“ Olha só menina
Os ares que permeiam seu destino
Aos quatro cantos
Onipresente
E cada passo como fuga
Insolente, inexistente”

sábado, 2 de agosto de 2008

Renegando


Renego-me renego-me
Quantas vezes farei eu pedaços de mim?
Quantas vozes terei eu que abafar?
Quantos gritos deixarei meu corpo sufocar?
Quantas mentiras serei eu o pilar?
Quantas de mim celebrarei a morte ao pé do altar?

Escondida


Envergonho-me da minha covardia
Da falta de atitude
Da negação de minhas vontades
Do não que finco em mim

Cansei dessa monotonia
Dessa mania de agrados e abraços
Dos fracassos que me presenteio

terça-feira, 20 de maio de 2008

Devaneios


Uma mulher sozinha. Não, não sozinha! Como companheira, a solidão!Reveste-me do caos vazio esta ilustre coméia ! Ferroa-me com o mel da boca mais rosada que meus olhos um dia teve a permissão de espelhar.É engraçado como é possível haver prazer na dor de nada ser!Vejo-me aprisionada em uma cela com paredes de vento, grades de papel carmim, trancas de setim. Somente o frio sopro que me aquece as orelhas incomoda-me ao ponto de meu delírio sobrepujar minha insanidade.Aqui estou presa em mim!Talves seja o momento mais sublime de minha exploração inconsciente, ou a morte de todas as minhas mortes.Olho não sei para onde.Tento enxergar creio que a mim mesma nos focos vazios em que meu olhar insiste em penetrar. Procuro a procura perfeita! Procuro olhar a procura que tenha pelo menos o que procurar.Meus olhos rasgam a imensidão, cortam-na ao meio e tornam-se meros vultos solitários que findam em cinzas ao léu.