sábado, 2 de agosto de 2008

Renegando


Renego-me renego-me
Quantas vezes farei eu pedaços de mim?
Quantas vozes terei eu que abafar?
Quantos gritos deixarei meu corpo sufocar?
Quantas mentiras serei eu o pilar?
Quantas de mim celebrarei a morte ao pé do altar?

Escondida


Envergonho-me da minha covardia
Da falta de atitude
Da negação de minhas vontades
Do não que finco em mim

Cansei dessa monotonia
Dessa mania de agrados e abraços
Dos fracassos que me presenteio

terça-feira, 20 de maio de 2008

Devaneios


Uma mulher sozinha. Não, não sozinha! Como companheira, a solidão!Reveste-me do caos vazio esta ilustre coméia ! Ferroa-me com o mel da boca mais rosada que meus olhos um dia teve a permissão de espelhar.É engraçado como é possível haver prazer na dor de nada ser!Vejo-me aprisionada em uma cela com paredes de vento, grades de papel carmim, trancas de setim. Somente o frio sopro que me aquece as orelhas incomoda-me ao ponto de meu delírio sobrepujar minha insanidade.Aqui estou presa em mim!Talves seja o momento mais sublime de minha exploração inconsciente, ou a morte de todas as minhas mortes.Olho não sei para onde.Tento enxergar creio que a mim mesma nos focos vazios em que meu olhar insiste em penetrar. Procuro a procura perfeita! Procuro olhar a procura que tenha pelo menos o que procurar.Meus olhos rasgam a imensidão, cortam-na ao meio e tornam-se meros vultos solitários que findam em cinzas ao léu.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Tudo finda

Oh amada vida
Tu que me tiraste tantas alforrias
Tu que me deste tantas alegrias
Tu que me mostraste tantas covardias


Imóbil, trilho os caminhos que até aqui pisei
Marcados pela dor útil de se passar
Pelas alegrias gostosas de lembrar
Pelos risos desesperados a saltar



Interrogo em momentos insanos de mim
As migalhas doloridas de prazer que comi
Se estas eram para serem comidas
Ou simplismente para serem cuspidas



Vejo as repetidas mentiras
Vejo as mesmas falas cretinas, frases postiças
Vejo o mesmo mundo falso



O rio que deságua no mar, que desagua no oceano
É o mundo que é criado
Que deságua na mentira
Que desagua na desilusão



Tudo finda querida vida




















domingo, 30 de março de 2008

De repente


De repente
Em meus olhos, tua imagem refletida
De repente
Em teus olhos, meus olhos a olhar-te

Tudo tão de repente
Outro toque, outra voz, outro olhar
O pecado nos abraça querido
De repente

O riso de menino me alegra a doce solidão
A sacanagem de ser HOMEM ferve-me o corpo
O colo amigo me abriga de mim mesma
Viras-te meu HOMEM! De repente ...









terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Apocalipse


Inferno divino.
Desperta o vulcão adormecido.
Abre-se a cratera, revelação do vazio. erupção de loucura.

As larvas vestem o corpo franzido de calafrios. A gosma quente aquece a pele, preparação para o gozo do vulcão.
A garganta expande e contrai, vertigem dos vermes prestes a nascer. Roçam os lábios, ardem o ventre, latejam a cabeça em busca da saída.

Silêncio! O corpo escuta o choro agonizante da alma. Trata-se de uma espécie de canto agudo choramingado, em que a voz trêmula entoa o tom das lágrimas presas nas cordas vocais. Eis que paira no ar o ultimo refrão inacabado. A dor se encarregou de cortá-lo ao meio.

Contração! Contração!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Calma alma minha
Tuas lágirmas regam meu vazio
Jardim de mortalhas

Calma alma minha
Não algeme nossa alegria
Não congele nossa fantasia

Somos um só corpo

Um só sopro

Um só choro



Desaperte meu coração

Deixe-o chorar as mágoas

Relíquias da tristeza

















Te afastas de mim solidão
Liberte-se de meu ventre
Que este já não pulsa mais

Deixe- me assim
Sem nada sem fim sem ti
Sem eu!

O vazio me fará companhia