Renego-me renego-me
Quantas vezes farei eu pedaços de mim?
Quantas vozes terei eu que abafar?
Quantos gritos deixarei meu corpo sufocar?
Quantas mentiras serei eu o pilar?
Quantas de mim celebrarei a morte ao pé do altar?
Uma mulher sozinha. Não, não sozinha! Como companheira, a solidão!Reveste-me do caos vazio esta ilustre coméia ! Ferroa-me com o mel da boca mais rosada que meus olhos um dia teve a permissão de espelhar.É engraçado como é possível haver prazer na dor de nada ser!Vejo-me aprisionada em uma cela com paredes de vento, grades de papel carmim, trancas de setim. Somente o frio sopro que me aquece as orelhas incomoda-me ao ponto de meu delírio sobrepujar minha insanidade.Aqui estou presa em mim!Talves seja o momento mais sublime de minha exploração inconsciente, ou a morte de todas as minhas mortes.Olho não sei para onde.Tento enxergar creio que a mim mesma nos focos vazios em que meu olhar insiste em penetrar. Procuro a procura perfeita! Procuro olhar a procura que tenha pelo menos o que procurar.Meus olhos rasgam a imensidão, cortam-na ao meio e tornam-se meros vultos solitários que findam em cinzas ao léu.
Oh amada vida Tu que me tiraste tantas alforrias Tu que me deste tantas alegrias Tu que me mostraste tantas covardias Imóbil, trilho os caminhos que até aqui pisei Marcados pela dor útil de se passar Pelas alegrias gostosas de lembrar Pelos risos desesperados a saltar
Interrogo em momentos insanos de mim As migalhas doloridas de prazer que comi Se estas eram para serem comidas Ou simplismente para serem cuspidas
Vejo as repetidas mentiras Vejo as mesmas falas cretinas, frases postiças Vejo o mesmo mundo falso
O rio que deságua no mar, que desagua no oceano É o mundo que é criado Que deságua na mentira Que desagua na desilusão
Inferno divino. Desperta o vulcão adormecido. Abre-se a cratera, revelação do vazio. erupção de loucura.
As larvas vestem o corpo franzido de calafrios. A gosma quente aquece a pele, preparação para o gozo do vulcão. A garganta expande e contrai, vertigem dos vermes prestes a nascer. Roçam os lábios, ardem o ventre, latejam a cabeça em busca da saída.
Silêncio! O corpo escuta o choro agonizante da alma. Trata-se de uma espécie de canto agudo choramingado, em que a voz trêmula entoa o tom das lágrimas presas nas cordas vocais. Eis que paira no ar o ultimo refrão inacabado. A dor se encarregou de cortá-lo ao meio.
Contração! Contração!
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Calma alma minha Tuas lágirmas regam meu vazio Jardim de mortalhas Calma alma minha Não algeme nossa alegria Não congele nossa fantasia
Somos um só corpo
Um só sopro
Um só choro
Desaperte meu coração
Deixe-o chorar as mágoas
Relíquias da tristeza
Te afastas de mim solidão Liberte-se de meu ventre Que este já não pulsa mais